quinta-feira, março 13, 2008

É DEMOCRÁTICO!

Como sabem os meus amigos, sou um dos sócios da QUERCUS que há muitos anos decidiu apoiar activamente esta associação. De sócio comum, passei depois por dirigente associativo, depois para dinamizador de projecto, coordenador de Grupo de Trabalho e voltei a ser um sócio comum, com possibilidade de participar na vida associativa e desenvolver actividades ao nível do voluntariado. É o que faço hoje em dia.
Numa das acções de voluntariado, sou alertado para questões de falta de transparência na associação. Numa outra, sou confrontado com uma massiva falta de participação de associados comuns, mas com uma participação expressiva e quase exclusiva de pessoas ligadas a cargos na associação.
Decido ir a uma reunião de um dos orgãos da Associação, e comunico essa intenção dentro de uma lista de discussão na internet, reservada a sócios da QUERCUS, oportunamente chamada "lista de debate". Quando chego à reunião, sou confrontado com o facto de, no início da mesma, os membros desse órgão, chamado Conselho de Representantes, terem votado que se estabelecia uma hierarquia para as pessoas presentes intervirem: primeiro os membros do orgão, depois membros da QUERCUS ligados ao aparelho, e no final, se ainda houvesse tempo, os sócios comuns. Isto para garantir que os membros do Conselho não perdessem o seu direito a falar, por questões de tempo (ou seja, porque existem tempos pré-definidos para abordar cada ponto da Ordem de Trabalhos). Achei uma vergonha, um atentado à democracia de transparência e um entrave à desejável participação cívica dos associados, até porque seria a primeira vez que se divulgaria uma reunião e depois se dissesse que os sócios comuns não eram bem vindos, e que a sua opinião tem menos valor do que a de outros sócios, só porque esses outros são pagos pela QUERCUS ou desempenham um cargo qualquer.
Como achei o facto escandaloso, tentei que na reunião seguinte, do mesmo órgão, a democracia fosse reposta, mesmo sabendo que eu não iria estar presente. Mas, mais uma vez, foi votada a mesma hierarquia, desta vez com menos votos a favor, com maior percentagem de abstenções e com algusn votos contra. E gerou-se polémica, gastando-se tempo para isso. Tudo para que as opiniões de um par de sócios comuns não fizesse gastar tempo.
Mas o mais cómico, e caricato, aconteceu no fim-de-semana passado. Depois de uma reunião "aberta" aos sócios comuns (que acabou para almoço, e recomeçou depois de almoço sem se avisarem todos os presentes), tendo em vista discutir questões ligadas ao financiamento da QUERCUS (e que não foi uma reunião aberta a todos os interessados, porque apenas uma parte das pessoas sabia que a mesma iria ter lugar), estava marcada uma nova reunião do mesmo órgão, o Conselho de Representantes. Marcada para as 15 horas. Mas que atrasou, sem aviso prévio, para ter início apenas às 17 horas. Como na véspera fui à manifestação dos professores, aproveitei para ir às 2 reuniões da QUERCUS. E lá estava, no início do Conselho de Representantes, a assistir ao vivo à votação inicial, cuja tradição remonta à reunião a que eu avisei que ia estar presente. Desta vez, conseguiu ser ainda mais ridículo, porque foi posto à votação se os membros do órgão consideravam que eram contra a presença na reunião de membros da QUERCUS com cargos na Associação. Foi aprovado por larga maioria que podiam lá ficar. Depois foi votado se os membros do órgão consideravam que eram contra a presença na reunião de membros comuns da QUERCUS. O único que lá estava era eu, e com tanto atraso no início da mesma não era de crer que viesse mais algum! Foi aprovado, por escassa diferença de dois votos, no meio de muita abstenção, que eu teria que abandonar a sala. Mas uma das pessoas, membro da Direcção Nacional, disse que se tinha enganado e que queria mudar o sentido de voto. Eu estava mesmo atrás dela, e dizia-lhe baixinho: não mudes, não mudes...
Depois de alguma discussão, lá se volta a fazer a votação e de repente as coisas invertem-se, são tantos os votos a favor da minha permanência, como eram anteriormente contra. E eu fico ali sentadinho. E com isto já se tinham passado 15 minutos, tempo suficiente para eu falar por 3 vezes, em períodos de 5 minutos.
Vem depois a "tradicional votação" da hierarquia, e, mais uma vez, é decidido que os sócios comuns só podem falar se sobrar tempo, e em último lugar.
Respeitei a decisão, levantei-me, desejei uma boa continuação de reunião, e abandonei a sala.
Há um ditado que diz, que ri melhor quem ri por último.
Mas como aquilo não é uma convenção de cómicos, preferi sair da sala. Se me tivessem deixado falar, tinha-se poupado muito tempo. Assim é mais democrático! Mas ao mesmo tempo é de um ridículo que faz desconfiar da transparência na acção de pessoas que decidem assim cortar um direito estatutário dos associados.
Quem tem medo de ouvir atempadamente o que os sócios têm para dizer?

segunda-feira, março 10, 2008

IMPRESSIONANTE

Já se anunciava como uma manifestação gigantesca, mas estar ali no meio de uma multidão que saiu à rua, que deixou as suas casas, o seu conforto, e ali esteve de pé durante horas a fio, que caminhou vagarosamente e organizadamente, uns com o seu farnel, outros a irem abastecer-se localmente de uns comes e bebes, estar ali foi mesmo uma coisa impressionante. Daquelas coisas em que nos envolvemos e que marcam profundamente.
Vimos muita gente, todos a gritarem a sua indignação pela forma como o ensino público caíu na falta de qualidade, na excessiva burocracia, na sobrevalorização da mediocridade dos estudantes, na desvalorização dos professores, na culpabilização dos professores pelo insucesso. Indignação pelas reformas apressadas do sistema educativo, sem dar ouvidos aos elementos envolvidos neste processo complexo que é a Educação.

Milhares de professores unidos, que ao estarem ali só podem ter ganho forças para continuar esta luta por uma melhor educação. No meio dos milhares ainda vimos pessoas conhecidas, que não sabíamos que ali estavam, mas que também optaram por sair à rua, mas foram mais as que sabíamos que ali estavam e que não encontrámos, tal era a grandiosidade da demonstração de união.

Os mais animados no desfile avenida abaixo eram os que iam atrás da faixa do Movimento Escola Pública, com palavras de ordem e coreografias. Muitos deles gente que conhecia de outras manifestações, gente empenhada na luta por uma sociedade melhor. Mas havia também gente nos passeios da Avenida, e no Rossio, que aplaudiam a coragem e revolta dos professores, outros empunhavam cartazes mostrando confiança nos professores. À chegada ao Terreiro do Paço, já lá estava muita gente, mas sabiamos que mais atrás vinha muito mais gente. Já tinham começado as intervenções no palco montado para o efeito, e ali andámos a dar umas voltas, enquanto ouvíamos as intervenções, sempre com gente a chegar, mas também já com professores a saírem, pois já tinham desfilado e queriam evitar confusões na hora do final. Quando falava o último orador, disse que estava orgulhoso de ver ali tanta gente, e que no preciso momento em que ele ia começar a falar lhe comunicaram que estavam a sair os últimos professores do Marquês de Pombal. Depois de um longo discurso, fizeram-se os avisos para organizar a retirada e começou a debandada. Mas, ao voltarmos para trás, deparámos com muitas bandeiras pela Rua do Ouro abaixo, eram ainda os professores da Marcha a chegarem ao Terreiro do Paço. A malta do Norte, muitos e muitos mais ainda estavam a desaguar no largo, uma demonstração do poder de mobilização e espírito de luta dos nortenhos, que vinham ainda com palavras de ordem, com músicos a animar. Junto com outros professores e populares, ali ficámos a aplaudir estes últimos manifestantes. Fiquei até emocionado, e só depois abandonámos o local, em direcção ao ponto de partida.

Algumas fotos estão no meu álbum on line, se bem que as fotos não conseguem explicar como foi impressionante.

domingo, março 09, 2008

MANIFESTAÇÃO DE PROFESSORES



- COM ESTE GOVERNO NÃO HÁ EDUCAÇÃO -


(ideia retirada de um cartaz da manifestação que dizia: com esta ministra não há educação)

Se tivesse levado uma cartolina e caneta, era o que escreveria por baixo. MAS COMO VAI HAVER MAIS MANIFESTAÇÕES, AINDA ESTOU A TEMPO! Um dia destes escrevo ao Sócrates a agradecer estas possibilidades de dar asas à minha criatividade...

quarta-feira, março 05, 2008

ÁGUAS DE MARÇO

Enquanto se aguarda pelas águas de Março, antes das águas mil de Abril, aqui vai uma entrada neste blogue, pressionada pela manifestação de centenas de leitores, que estranharam uma ausência de 2 meses. Será que não se passa nada, será que não há novidades? Esta manifestação dos leitores, uma manifestação silenciosa, como há muitos anos eu não tinha conhecimento, tocou-me profundamente. Esperava, dizia eu, as águas de Março, pois já fiz as podas habituais de Inverno, e queria ver se chovendo na roseira e noutras plantas podadas, as mesmas rebentam para uma renovação plena de energia, com flores e frutos lá mais para a frente!

No próximo Sábado vou a Lisboa, para participar na grande manifestação nacional dos professores. Já tinha vontade de participar numa coisa grandiosa, e esta promete milhares de pessoas. Vou como professor que foi afastado do ensino, por criticar a falta de qualidade do ensino na Escola Profissional de Idanha-a-Nova, EPRIN, crítica enviada ao Ministério da Educação, que obviamente nunca respondeu. Obviamente, neste caso, quer dizer que o Director da EPRIN, na altura, é agora um vereador da Câmara Municipal de Castelo Branco, adivinhe-se de que partido... pois, o mesmo do governo!

Há também para aí uma federação das associações de pais que anda a dizer bem do trabalho da ministra da educação. É claro que o responsável pela federação não diz que a mesma associação de associações recebe um financiamento do gabinete da ministra, anual, de milhares de euros. O mesmo responsável já disse que vai instaurar processos judiciais a quem disse na internet que ele é corrupto e que se vende, a ele e à federação, por dinheiro. É claro que eu não vou escrever isso aqui, para processos em tribunal já me basta aturar gente estúpida e corrupta com o meu processo (em breve vou fazer aqui o ponto da situação).